ACRE-DOCE

Eu bebo deste amor o brando conteúdo

quanto o orvalho das noites de sereno...

No entanto, não me engano, não me iludo;

o que mesmo bebo...é veneno!...

Nosso amor, outrora resistente feito aço;

quem diria, houvesse entre nós, discordância?...

No entanto, fui eu dar um mal passo;

destruí-o com a minha inconstância!...

A ferida que causei-te, um fino corte

em tua carne; crê em mim, também trago-a

em minha carne; e é muito mais forte

a dor de causar-te tal mágoa!...

Hoje, bebo o sabor acre-doce

porque tolo; idiota eu fui!...

Em meu leito, possuiria eu, se não fosse

infiel; o que outro possui!...

Mas, te amo, te amo, e isto é tudo;

o que mais dizer que torne ameno

o meu erro; além de solver o conteúdo

de tua “vingança”, o veneno?...

(GERALDO COELHO ZACARIAS)

Coelho Zacarias
Enviado por Coelho Zacarias em 27/12/2014
Código do texto: T5082220
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