ACRE-DOCE
Eu bebo deste amor o brando conteúdo
quanto o orvalho das noites de sereno...
No entanto, não me engano, não me iludo;
o que mesmo bebo...é veneno!...
Nosso amor, outrora resistente feito aço;
quem diria, houvesse entre nós, discordância?...
No entanto, fui eu dar um mal passo;
destruí-o com a minha inconstância!...
A ferida que causei-te, um fino corte
em tua carne; crê em mim, também trago-a
em minha carne; e é muito mais forte
a dor de causar-te tal mágoa!...
Hoje, bebo o sabor acre-doce
porque tolo; idiota eu fui!...
Em meu leito, possuiria eu, se não fosse
infiel; o que outro possui!...
Mas, te amo, te amo, e isto é tudo;
o que mais dizer que torne ameno
o meu erro; além de solver o conteúdo
de tua “vingança”, o veneno?...
(GERALDO COELHO ZACARIAS)