ANO FADO NUNCA MAIS

“Ode ao Ano Velho 2014”

Nunca no meu país aconteceu

Haver um ano tão danoso

E tão escanzelado.

Quem tinha que viver nunca viveu

E o que viveu foi doloroso

No ressentir do fado.

Dois mil e catorze não deixará saudade

Pois o mal superou o bem

Confrontado com a morte.

Sendo dado um espaço à iniquidade

Na mente vazia, a quem convém

Este fado e esta sorte.

Quarenta anos presos por um fio,

De bem-estar, prazer excelso

Sem recear ardil…

Quem é que arrosta agora o desafio

De lutar contra o qu´ é perverso

Pra que regresse Abril?

Ano Fado, esperanças desfolhadas,

Geração nova ao deus d´ Ará

Sem fé nem horizontes

E sem que alguém as lágrimas choradas

De hoje e, quem sabe, de amanhã

Faça chegar às suas fontes.

Ano Velho e caduco, que comporta

No próprio seio um fado incerto,

Em fragilizado chão,

E tem cristalizada à sua porta

A cega prepotência e aperto

A cada cidadão…

Ano aziago, Ano Fado, nunca mais

Voltes pra Terra Lusa, não,

Que este destino é duro.

Venham as andorinhas pros beirais

Em novo sol, nova estação,

Que dê Alma ao Futuro…

Ano Fado, terrível Ano Fado,

Tira de mim este degredo

Sem elo nem dosagem

E faz deste meu sonho naufragado

Uma viva âncora sem medo

Que anime outra viagem!

Frassino Machado

In ODISSEIA DA ALMA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 24/12/2014
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