Desce o pano...

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Um minuto....

Sempre sofri grades enganos... perceptíveis talvez

mas regidos sob a lua fresca em sua odisséia

gostava de pisar em alicerces flutuantes

que foram sendo construido ao longo do tempo

Sempre soube que seria fácil um desmoronamento

talvez porque o meu detector de fenómenos sempre esteve ligado

e nunca tenha deixado de emitir sinais, alertas vermelhos

ainda que sempre eu os ignorasse

Ouvidos apurados, mesmo assim fui coletando desculpas

deixas pequenas, volúveis que me surpreendiam

fazendo de conta que tudo eram estórias de carochinhas

gostava de ser cega para as razões

sempre fui teimosa em aliciar os sonhos

porque os queria em minhas mãos, inventando-os

dando-lhe os finais que planejava

nada como a velha desculpa : medo de ficar só!

Fui me tornando um bibelô das letras

ornando frases, floreando sentenças de amor

dentro de mim vertiginosas as verdades queriam explodir

voláteis no ponto, para derrubar os meus loucos rituais

mentiras de segurança e coragem que nunca tive

cansando meu interior que se via lutando com minhas fantasias

foram tantas palavras descerradas em longas páginas

Um minuto...

Apenas um minuto eu precisei para deixar o impensado

morrer, desfragmentando minhas quimeras

aconteceu enfim eu matar a minha utopia, vi você desnudo

e fui quebrando a redoma que coloquei nas muitas ilusões

essas pérfidas companheiras

sempre cantando para mim cálidas e doces melodias.

Fecho a cena, o palco está vazio para velhas encenações

Parto agora para ensaiar as novas realidades

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 30/05/2007
Reeditado em 30/05/2007
Código do texto: T507479
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