Desce o pano...
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Um minuto....
Sempre sofri grades enganos... perceptíveis talvez
mas regidos sob a lua fresca em sua odisséia
gostava de pisar em alicerces flutuantes
que foram sendo construido ao longo do tempo
Sempre soube que seria fácil um desmoronamento
talvez porque o meu detector de fenómenos sempre esteve ligado
e nunca tenha deixado de emitir sinais, alertas vermelhos
ainda que sempre eu os ignorasse
Ouvidos apurados, mesmo assim fui coletando desculpas
deixas pequenas, volúveis que me surpreendiam
fazendo de conta que tudo eram estórias de carochinhas
gostava de ser cega para as razões
sempre fui teimosa em aliciar os sonhos
porque os queria em minhas mãos, inventando-os
dando-lhe os finais que planejava
nada como a velha desculpa : medo de ficar só!
Fui me tornando um bibelô das letras
ornando frases, floreando sentenças de amor
dentro de mim vertiginosas as verdades queriam explodir
voláteis no ponto, para derrubar os meus loucos rituais
mentiras de segurança e coragem que nunca tive
cansando meu interior que se via lutando com minhas fantasias
foram tantas palavras descerradas em longas páginas
Um minuto...
Apenas um minuto eu precisei para deixar o impensado
morrer, desfragmentando minhas quimeras
aconteceu enfim eu matar a minha utopia, vi você desnudo
e fui quebrando a redoma que coloquei nas muitas ilusões
essas pérfidas companheiras
sempre cantando para mim cálidas e doces melodias.
Fecho a cena, o palco está vazio para velhas encenações
Parto agora para ensaiar as novas realidades