"O PRISIONEIRO 44"
Sou prisioneiro neste meu país
Fui espectáculo, fui notícia,
Fui lançado à sevícia
Eu, o “quarenta-e-quatro”, o infeliz.
Sou na hora um prisioneiro de raiz
Acordei desmascarado
E fui mesmo violentado
Na própria honra, mas não na cerviz.
Onze meses, se diz, fui vasculhado
De suspeita para suspeita,
Minha vida foi sujeita
Num vil libelo nunca resgatado.
Eu, o quarenta e quatro, feito fera,
Nome escrito em velho muro
Ou num chão gelado e duro
Tão perto de ser anjo ou ser quimera.
Fui criança e adulto, governante,
Pairei nas asas da ciência,
Maré cheia e audiência,
E agora veredicto alucinante.
Prisioneiro me fico e a voz calou
Sou uma algema que grita
E a bandeira que s´ agita
Sou liberdade que o vento levou!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA