Da dor
Pega a tua felicidade e muda-te
Pega tudo aquilo que lhe é caro
As fotos, a cama, o livro, o quadro
Deixa-me aqui com aqueles que são meus
Não esconda o rosto agora
Lágrimas são as tuas correntes
Não desvie o olhar, não fuja da miséria
Vai e não olha mais para esse sodomismo
Leva toda a luz que tens
Pois eu sou o eclipse
Merecedor apenas do que é meu
Daquilo que não tenho, sou dono
Não durmas porque eu sou a insônia
Não sonhes porque eu sou o dragão
Não alimenta te pois eu sou a peste
Não reze pois eu sou a besta
Tudo o que tínhamos dei aos porcos
Minha ingratidão é um mundo
Aqui todos os demônios habitam
Aqui é que vivo minha danação
Então me resta somente a morte
Mas nem a ela sou caro
Pois ela deseja ardentemente
Somente aqueles que a amam
Meu lugar é o esquecimento
Lugar de niguém
Ermo de toda humanidade
Deixe me só. Só.
Lágrima é somente a distorção da realidade.