Aragem

O que perpassa é só aragem,

Do que um dia foi real, talvez na entranhas...

Deste peito, que tão insólito se acostumava

A tornar obsoleto qualquer sentimento nele depositado

A dor não é por ora tão pungente quanto deveria

Sinto que tinha de sofrer mais...

Quando é que vou aprender a chorar?

Quando é que vou deixar de lavar sempre as mesmas inertes mãos

Quanto eu disse o veredicto, o saldo de tudo o quem corroído

E maculado o que um dia sonhou ser amor

Senti o gume penetrar na tua alma?

Ou enganei-me

E tudo não passa de uma ilusão

Dize: Se te vais eu morro!

Mas tanto mais morre a cada dia e me arrasta

Quanto mais eu fujo, mais perpassa

E tentas com um beijo convencer-me.