O SONHO

Sinto uma coisa estranha,

Um arrepio assim meio atrevido

Como se num beijo no ouvido

Revirasses-me as entranhas...

À essa sensação eu me entrego

Completamente ao som da paixão,

No corpo o calor de um vulcão...

Ao teu , com ardor, não me nego.

Tua boca procura na minha o mel,

Sorve-o sem pensar em mais nada.

Teu coração bate em disparada

Enrijecendo os músculos do corcel,

Como um animal não adestrado,

Sem obedecer a ordem qualquer.

Não sou menina, sou mulher...

Meu corpo é por ti governado.

Já, agora, nada mais escuto,

Nada além de meus e teus ais...

Nossos gemidos não são mais

Que a eternidade desse minuto.

Eu vou, tu vens e aporta comigo,

É o nosso paraíso esse final,

Esse clímax único, sem igual...

Teu corpo acha no meu abrigo!

Vivemos numa noite, uma vida

Enlaçados na doce cumplicidade.

No amanhecer, nossa despedida:

Apenas sonho, não foi realidade...