A MORTE
A morte é a noiva
Que no altar da vida
Estou a desposar;
Como noiva, tarda a chegar,
Ansioso deixa-me a esperar!
Ela sempre engendrou
Com seus afagos, cativar-me;
Na penumbra do viver
Soube nos meus delírios, aplacar-me.
Arquitetou à minha volta
Uma teia invisível
Que impede minha revolta;
Preso, mantêm-me à solta!
Somente pelo nosso idílio,
Obterei minha liberdade,
Findando, da vida o exílio,
Gozarei da suprema felicidade!
Quando enfim, findar o cotejo,
E selarmos no negro beijo,
À festa participaremos unidos,
No seu traje primoroso, singelo,
Nosso dançar, o mais belo,
A todos deixaremos aturdidos
Seguindo em ímpar cortejo!