A SÍNDROME DE OUTONO
É a desolação do outono
Por toda a terra patente
Na síndrome de abandono
De que sofre toda a gente.
A árvore perdendo a folha
Qu´ o vento aos poucos levou
O passaredo sem escolha
P´ ra novas terras emigrou.
Caíram lágrimas brancas
Por entre nuvens de breu
De fé e ´sprança alavancas
Debaixo do azul do céu.
Sendas de terra cobertas
De passos perdidos andantes
Há incertezas despertas
E corações expectantes.
Vêem-se campos desolados
E animais com nostalgia
Há corpos desamparados
Com peitos sem energia.
Há colheitas diminutas
E há tarefas adiadas
Há desperdício de frutas
E paixões assolapadas.
Há vinhas quase sem dono,
Cachos de uva ressequidos,
Há prados ao abandono
Com projectos pervertidos.
Há animais escanzelados
Por não terem alimento
E há rebanhos desleixados
Com minguado provimento.
Há casas desocupadas
De famílias em desabono
Há almas desesperadas
Em síndrome de abandono.
Com este abandono extremo
Sem ideias e sem trono
Vão assim as terras do demo
À espera que passe o outono!
Frassino Machado
In MUSA VIAJANTE