A SÍNDROME DE OUTONO

É a desolação do outono

Por toda a terra patente

Na síndrome de abandono

De que sofre toda a gente.

A árvore perdendo a folha

Qu´ o vento aos poucos levou

O passaredo sem escolha

P´ ra novas terras emigrou.

Caíram lágrimas brancas

Por entre nuvens de breu

De fé e ´sprança alavancas

Debaixo do azul do céu.

Sendas de terra cobertas

De passos perdidos andantes

Há incertezas despertas

E corações expectantes.

Vêem-se campos desolados

E animais com nostalgia

Há corpos desamparados

Com peitos sem energia.

Há colheitas diminutas

E há tarefas adiadas

Há desperdício de frutas

E paixões assolapadas.

Há vinhas quase sem dono,

Cachos de uva ressequidos,

Há prados ao abandono

Com projectos pervertidos.

Há animais escanzelados

Por não terem alimento

E há rebanhos desleixados

Com minguado provimento.

Há casas desocupadas

De famílias em desabono

Há almas desesperadas

Em síndrome de abandono.

Com este abandono extremo

Sem ideias e sem trono

Vão assim as terras do demo

À espera que passe o outono!

Frassino Machado

In MUSA VIAJANTE

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 01/11/2014
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