Tempo

"Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem."

(Marcel Proust)

O tempo que me é solicitado

Soa como um caminho rumo ao desconhecido;

Onde o sorriso que é sonhado

Permanece presente, sem ter sido esquecido.

Talvez seja culpa do velho palácio,

Que com seus enigmáticos espelhos,

Invoca lembranças de um sutil prefácio,

Cuja trama esbanja olhos vermelhos.

Ou seja culpa da velha praça,

Iluminada na noite mais fria,

Aquecendo a quem abraça,

Na mais singela sintonia.

Tem ainda o velho parque,

Onde a viagem se tornou real;

E ainda que temido o embarque,

Permitiu o onírico ideal.

E na noite mais ardente,

Nervosismo em efervescência,

Vive a paixão sorridente

A mais doce coexistência.

Ah, mas o caminho é tortuoso,

Sobram-se parênteses e reticências...

E no momento mais tempestuoso,

Surgem as primeiras divergências...

Seria culpa, agora, da empolgação?

Ou seria culpa da perda da liberdade?

E nesta triste e difícil indagação

Entorpece a mais bonita verdade.

Lágrimas imprevistas,

Flores desesperadas,

Momentos intimistas,

Paixões exageradas.

"Eu quero estar cercado só de quem me interessa",

Assim canta a bela canção,

E sem qualquer tipo de promessa,

Aguarda-se, assim mesmo, a redenção.

Como num bom livro policial

Com suas páginas devoradas,

Espera-se paciente o final,

Com as lembranças afloradas.

E eis o tempo... trazendo lamento;

Rima ruim... na mais triste esperança...

E na busca pelo bom discernimento

Desistir ou viver na perseverança...

Manoel Frederico
Enviado por Manoel Frederico em 15/10/2014
Reeditado em 22/10/2014
Código do texto: T5000432
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