Contraponto

Essa necessidade de deletar o indelével,

Anseio disfarça sonhando que reescreva;

Coração obstinado qual potro indomável,

Acredita que contra o senso ela se atreva...

Arrosta o bom siso como se inimputável,

Desconhece o tempo, modo, ou o mérito;

Atrevido ele segue acreditando no incrível,

Retrocede insano para refazer o pretérito...

Assim a vida segue sob esse céu instável,

Que cambia de esperançoso a depressivo;

Carecendo solucionar o que me é insolúvel,

Apenas existo, ainda, se aparenta que vivo...

Então, nem procela nem o mar navegável,

Um meio termo, que permite arder o pavio;

O incêndio do amor, essa coisa inflamável,

Que só apaga, se afundarmos nosso navio...

Em suma; a escrita do amor é algo durável,

Não apaga jamais o histórico de navegação;

obter página branca seria mover o imóvel,

erros em destaque, impossível a correção...

amor é rígido, resistente, forte, inquebrável,

capaz de ouvir mesmo quando ela silencia;

dura realidade, o único contraponto possível

as fugas diárias, pra bela ilha da fantasia...