PROMESSAS
PROMESSAS
- Nosso amor vai ser tão lindo.
- Dar-te-ei as estrelas se comigo ficares.
- Então, serei seu céu à noite e tu me serás o sol de dia. O frio não te será tormento. Eu prometo. Nem o calor o teu sofrimento. Serei a água fria a te refrescar no cair do dia.
- Somos almas gêmeas! Somos a síntese de nossas fibras!
- Eu sou para ti. Disso eu sei.
- O mesmo, digo eu, amada pomba! Voarei ao teu encontro no raiar da aurora.
- Ah, nosso amor não tem hora, homem garboso e valente!
- Ele é constante, intermitente, ininterrupto, persistente. Oh, moça garrida. Nosso trem não tem volta, somente ida!
- Ah, como sou feliz contigo guerreiro da paz, como me sinto querida!
- Ah, amiga minha, por ti minha espada nunca descansará na bainha.
O tempo passou, o vento soprou, o sol queimou a erva do campo, a seca veio à cidade. Os homens correram cada um para sua casa.
- Piedade!
- Piedade?
- Sim!
- A piedade está cansada. Sentou-se em algum lugar da estrada.
- Cada homem comerá de sua própria carne!
- Piedade! Tenham Piedade!
- A piedade é uma velha vaidosa!
- Por favor, piedade!
- Pare com essa prosa!
O sol escureceu, e a noite um céu sem estrelas.
- Tenham piedade! O escuro é medo, é dúvida, é incerteza!
- Não te conheço! Nem te vejo! Como é mesmo a tua história?
- Lembra-se do céu, da moça bonita, do homem disposto a toda e qualquer empreitada?
- Não!
- E aquela espada?
- Não!
- Para onde vais, então?
- Eu vou à busca de mais promessas. Minhas amigas prostitutas; meninas de boa alma.
O leite do peito secou. O sangue escorreu, a mãe chorou, a criança morreu.
Promessas são promessas, nada mais e tudo menos.
- Eu te amo, meu amor.
- Idem.
- Eu te amo idem.
- Idem, te amo.
- É fácil dizer...