Mentalizações

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< Desculpe se incomodei.

Senti sua presença e queria confirmar.

Não tenho o dom de mentalizar, mas sinto. >

<< Respondendo ao que perguntou: Não fui eu.

Deve existir mais alguém desejando.

Se foi bom, aproveite! >>

< Engano seu! Não há ninguém que eu queira que me visite!

Prefiro não ler isso. Ficarei com as boas lembranças,

de quando me falava, a todo instante, que me amava.

Insultos, agressões não quero ler. Foi você, sim, sei que foi! >

<< Estou silenciando e me afastando.

Aos poucos, irei retirando tudo que tenho...

Até não ficar mais nada. >>

<< O que sei e tenho de você é o que leio.

Sei o que escuto, o que tenho vivido...

Quando não há fingimentos. >>

< Fingimento? >

<< Quando falamos a verdade só sai isso:

medo, enrolação, fuga, postergação.

Só existe amor e carinho se for de longe;

só serve a visita se for imaginária. >>

< Não é nada disso! >

<< Quando falamos em algo concreto...

Medo, desconfiança, não está na hora;

não posso, não tenho tempo... >>

< E aquele EU TE AMO? >

<< Que que tem? >>

< Tire da sua vida quem atrapalha.

Quem atormenta, quem te faz chorar...

E busque a sua felicidade.

De onde estiver, ficarei torcendo por você.

Não tenho o direito de impedir que seja feliz. >

<< Encontrei a felicidade num homem chato, marrento

que gosta de mandar, impor... >>

< Se não deu certo comigo, precisa continuar tentando.

Você é uma pessoa maravilhosa, vai achar alguém em quem confiar.

E será muito feliz, tenho certeza!

Desejo toda sorte do mundo para você, de coração. >

<< Tenho defeitos, você sabe. >>

< Todos temos, mas é impossível conviver sem convivência real.

É impossível coabitar, estando, sempre, em lugares diferentes. >

<< E ao mesmo tempo juntos – engraçado isso! >>

< É impossível amar sozinho, desejar sozinho, lutar sozinho... Amor é cumplicidade e não troca mútua de agressões; amor é encorajador e não permanente elemento de medo, de angústia. Como entender que se é amado por alguém que ao se cogitar a possibilidade do encontro entra em pânico? >

<< Trocamos só agressões? >>

< A isso eu chamaria de tudo, menos de amor. Quem ama quer estar perto; quem ama torna segundos de companhia, eternos momentos de felicidade. Entender que o encontro é ensejador de medo, dúvidas, pânico... Isso não é amor. Isso é pavor! Quem tem medo deve ir embora, fugir.

<< Pare com isso! >>

< E não viver prometendo o que sabe ser impossível. >

<< Foi você quem veio ontem me visitar e pronto! Eu não sonhei, era você!

< Esquece isso. Minha presença ou ausência não muda nada! >

<< Se quiser esquecer é um direito seu. Eu não quero! >>

< A vida é sua. Não buscarei mais... Estou desistindo. Pode continuar como quiser. Afinal, para você tudo é pleno! Tem o que quer, da forma que quer. Virtual, fantasioso. >

<< Fantasioso? >>

< Pode carregar isso para sempre. Ouvir vozes, sentir presenças e se tocar. Sublime a realidade da forma que quiser. Para você minha existência não faz diferença. No mundo que você criou eu posso existir, mesmo inexistindo. O mundo é seu. A fantasia também.

<< Só consigo com você! >>

< Pode, sim, continuar. Faça testes. Quem sabe apareçam outros... Já desejou isso em algum lugar no passado.

<< Quem começa a agredir? >>

< Não quero mais. Cansei de esperar. Deixarei de ser uma possibilidade. Há uma vida real, linda, esperando por nós dois. Vamos viver isso!

Fortaleza/CE, 24 de setembro de 2014.

12h55min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 24/09/2014
Reeditado em 24/09/2014
Código do texto: T4974440
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