Chorando
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Ó, Deus!
Ao rolarem, intrépidas, banhando o rosto meu,
lágrimas mornas carregam meu clamor.
Desencantado, vítima insânie da usura,
choro não negando a desventura,
do teu amor que se perdeu.
Ó, Deus!
Essas gotas, minha esnobe amada,
lavam-me a alma que, sufocada,
repete a hora do imprevisto não.
Relâmpagos do desgosto – caem,
banhando-me o sentimento.
Ó, Deus!
As mesmas mãos que no passado afagaram aquele corpo...
Minhas mãos – lembro as carícias...
São hoje, que lúgubre ironia!,
sustentáculos por onde escorrem as lágrimas do amor findo.
Ó, Deus!
‘Stou distante, afastado do mundo, da imensidão;
‘Stivemos amantes – pergunto-me, afinal:
foi amor em demasia
que me trouxe a solidão?
Amar com primazia seria pintura obsoleta,
sem valor sentimental?
Que venham as inovações, ó Deus!
Não permitas, entretanto,
que a rigidez dos corações dissocie o amor da fantasia
nem o canto – lúdica razão romântica – da poesia.
Ó, Deus!
Se o meu canto, angústia poética,
não mais afaga o ego da menina de soberba ilusão;
deixa-me morrer ao som de um verso,
pois prefiro a morte à angústia que agora me consome.
Iguatu-CE, 12 de setembro de 2014.
12h05min
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