Chorando

.:.

Ó, Deus!

Ao rolarem, intrépidas, banhando o rosto meu,

lágrimas mornas carregam meu clamor.

Desencantado, vítima insânie da usura,

choro não negando a desventura,

do teu amor que se perdeu.

Ó, Deus!

Essas gotas, minha esnobe amada,

lavam-me a alma que, sufocada,

repete a hora do imprevisto não.

Relâmpagos do desgosto – caem,

banhando-me o sentimento.

Ó, Deus!

As mesmas mãos que no passado afagaram aquele corpo...

Minhas mãos – lembro as carícias...

São hoje, que lúgubre ironia!,

sustentáculos por onde escorrem as lágrimas do amor findo.

Ó, Deus!

‘Stou distante, afastado do mundo, da imensidão;

‘Stivemos amantes – pergunto-me, afinal:

foi amor em demasia

que me trouxe a solidão?

Amar com primazia seria pintura obsoleta,

sem valor sentimental?

Que venham as inovações, ó Deus!

Não permitas, entretanto,

que a rigidez dos corações dissocie o amor da fantasia

nem o canto – lúdica razão romântica – da poesia.

Ó, Deus!

Se o meu canto, angústia poética,

não mais afaga o ego da menina de soberba ilusão;

deixa-me morrer ao som de um verso,

pois prefiro a morte à angústia que agora me consome.

Iguatu-CE, 12 de setembro de 2014.

12h05min

.:.

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 12/09/2014
Código do texto: T4959246
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.