Poema de Ante-Véspera

Da caminhada sem mãos dadas

me atento ao pássaro no céu

Aquele sem ninho

que despenca das alturas

sem beijar o chão,

a solidão rasante.

Noto o cansaço das asas,

o bico agônico e seco

de quem nunca pousa e descansa

O pássaro embriagado

de tanto céu azul,

de tanta nuvem torta

Pra onde ele vai agora?

Se não há destino nem volta

Não há caminho

Pra fugir, ir embora... Pra onde?

O azul anoitece,

a escuridão apavora.

Pássaro sem ninho,

que pena, que rapina,

que vasta incerteza

Deito-me pra assistir

do solo, o solo trajeto

Frio e rasante é o medo

(que medo)

O céu parece um espelho

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 05/09/2014
Reeditado em 09/07/2018
Código do texto: T4950831
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