À LEI DA MULTA
Era uma vez uma Nação…
Governada por gente inculta
Que em vez de educação
Só pensa a caça da multa.
Muito custoso, pois claro,
O fazer compreender
Esse Bem excelso e raro
De um justo “saber viver”.
Vai daí, por tudo e por nada,
Muitas vezes sem razão,
Aplica-se uma chumbada
A qualquer contra-ordenação.
Não está em causa o altruísmo,
Muito menos o ter direito:
Prolifera o facciosismo
E a procura do proveito.
Fala-se em autoridade,
Ignora-se a cidadania
E, no que toca à equidade,
O que impera é a hipocrisia.
Gente inculta em vez de Estado
Quem lá está canta de galo
Vive de bom ordenado
E os impostos são um regalo.
- Faça favor, está autuado –
Diz o agente com presunção.
- O senhor vai ser multado
Por essa contra-ordenação.
- O que se passa, senhor agente?
- Não tenho que esclarecer,
Ou paga aqui para a gente
Ou terei de o prender!
- Eu irei para o tribunal,
A um qualquer não vou pagar!
- Ok, a mim tanto me vale,
No tribunal será a dobrar!
Diz o Zé: - Tanta vigarice,
Estão todos combinados,
Multa a multa, é só chulice
E nós continuamos lixados.
De alto a baixo é tudo o mesmo,
Esta é a verdadeira questão,
O desrespeito anda a esmo
Braço dado co´ a corrupção…
Quer se chame multa ou corte,
Anda tudo de pantanas,
Esta é a malfadada sorte
Desta República de Bananas.
Será estória ou verdade?
Olhando bem para a essência,
O ser parecido à realidade
Até parece coincidência!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA