É TARDE

É tarde...

Trago fragmentos nos bolsos

Nenhum valor!

Nenhuma jóia!

Lua distante esta noite

Não tem luz prateada

Amarela... quase leitosa

Com sombras que não você não pode ver...

Mas estão la

É tarde...

Cigarro queimando entre os dedos

Vinho no copo lascado

Manchas nas paginas do caderno

Nenhum poema...

Nadas nascendo...

Nenhum poema...

Só manchas

É tarde...

Um velho blues no radio

Alguém sofrendo na canção

Alguém que esperou em vão

Nos cantos do quarto criaturas se escondem

Das sombras e pras sombras as velhas baratas

Roedores no forro do velho casarão?

Sim você sabe...

É tarde...

La fora na bruma existe o jardim

Aquele lugar onde outrora houveram rosas...

Onde em tempos idos o jasmim cresceu

E gira sois...

Você lembra dos gira sois?

No gramado inteiro vicejam lembranças

E ainda vão estar la pela manhã

Aceite...

É tarde...

A madrugada sussurra pra você os versos da aurora

O vinho secou na garrafa

O amor não veio

Não cresceu

Não mudou

Em algum lugar do leste o sol vai nascer

É tarde...

Tão tarde pro teu medo

Tão tarde pra tua culpa

Cedo demais pra mentiras.