De barco para o fim do mundo.

Não quero ser um empecilho

Pros teus passos

Como um sapato que te aperta os pés.

Por isto vou-me embora, agora,

Sem olhar pra trás,

Sem olhar-te mais,

Eu te deixo em paz.

E vou andando por dentro do rio,

Pra não deixar pistas

De onde eu não irei

Nem do que farei,

Ou mesmo serei.

Aquele amuleto vou jogar no mar,

Pra Iemanjá

Ou algum pajé.

Hoje sou um pajem do próprio destino.

Vou de barco para o fim do mundo,

Lá, mudo meu nome,

Permuto meu sangue,

Faço lavagem cerebral,

Creio que vou ser monge,

Talvez seja legal,

Morar no Nepal,

Quem sabe o Tibet,

Ou Ribeirão Preto,

Na Usina Central.

Aqui, não fico mais,

Não posso mais ficar.