SONHOS DE TEMPLÁRIO



Minha adolescência foi repleta de sonhos de Lancelot e de Percival.
Eu seria um cavaleiro a toda prova na luta contra o mal.
Quase louco, da Távola Redonda, procurei algum vestígio!
Na esperança de um dia cruzar com o rei Arthur,
Cultivei os nobres sentimentos de cavaleiro
E nomeei minha espada “excalibur”,
Assim, conseguiria do rei algum prestígio!
Mas, sonha-se, sonha-se,... um dia a realidade mostra sua carantonha!
Descobri logo: eu não morava em Avalon.
E, no mundo da minha vida real, não basta ser bom e lutar contra o mal,
Nem ser tão autêntico convém:
Basta ser astuto e representar o papel de “homem de bem”!
A nobreza e a bravura de cavaleiro ficam em plano terceiro.
Ao invés da busca pelo Santo Graal:
A luta pela sobrevivência de um simples comensal.
As damas e as donzelas que personificavam a virtude e a candura
Dispensaram minha proteção de cavaleiro,
Para viverem suas aventuras
E ocuparem seus lugares na sociedade!
Se o herói a cada obstáculo robustece a sua vontade,
Foi então que descobri: eu não era herói de verdade.
Quando a vida me exigiu prova mais rude,
Não aguentei... não pude...
Enfraqueceram-me as virtudes,
Humanizaram-me as atitudes!
Manoel de Almeida
Enviado por Manoel de Almeida em 30/07/2014
Código do texto: T4902138
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