Terezinha do Morro
Três vezes ela puxou o gatilho
O peso do ódio guiando a mão
Três vezes o virar do tambor
Vezes três um estampido de morte
Cheiro da pólvora três vezes suspenso no ar.
O primeiro tiro em seu pai.
Pela inocência roubada a força.
Por sua mãe, que sofreu em silêncio.
Por sua irmã, para que não tivesse a mesma sina.
O segundo em seu homem.
Pela dor.
Pela humilhação.
Por suas filhas.
O terceiro na própria cabeça.
Sem dúvida.
Sem medo.
Sem arrependimento.
O sangue correu na noite do morro.
Um respingo em sua roseira,
plantada quando ela ainda acreditava.
Boa parte matou a sede da terra.
O resto a enxurrada levou.
Esgoto correndo a céu aberto.