Terezinha do Morro

Três vezes ela puxou o gatilho

O peso do ódio guiando a mão

Três vezes o virar do tambor

Vezes três um estampido de morte

Cheiro da pólvora três vezes suspenso no ar.

O primeiro tiro em seu pai.

Pela inocência roubada a força.

Por sua mãe, que sofreu em silêncio.

Por sua irmã, para que não tivesse a mesma sina.

O segundo em seu homem.

Pela dor.

Pela humilhação.

Por suas filhas.

O terceiro na própria cabeça.

Sem dúvida.

Sem medo.

Sem arrependimento.

O sangue correu na noite do morro.

Um respingo em sua roseira,

plantada quando ela ainda acreditava.

Boa parte matou a sede da terra.

O resto a enxurrada levou.

Esgoto correndo a céu aberto.

Urubu Rei
Enviado por Urubu Rei em 24/07/2014
Código do texto: T4895454
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