FRIO N’ALMA

 
É assim todo o inverno...
O sol clareia tão morno!
E a lua tem um brilho tão terno!
O frio é quase um torno...
 
Uma engrenagem que me lavra
veia por veia...
E assim sem palavra
meu pensamento vagueia...
 
Por montanhas geladas;
Por vales brancos...
Pelas poesias despedaçadas...
E até pelos trancos...
 
Como não sentir tudo isso?
Toda essa tortura
de um “ eu” submisso...
Ah! Odeio essa amargura...
 
Esse querer me descobrir
que já me fez perder o senso...
Mas não há como não sentir
a navalha desse frio tão intenso!
 
Essa minha eterna fúria...
Essa mortificação...
Esse terror... Essa lamúria...
Se até o vento é ilusão...
  
E eu tentei me afogar
na branca neve...
Nessa névoa do olhar
que em mim inscreve...
 
Um frio n’alma...
Um eterno suplício
que feito neve se espalma...
No frio recolho meus resquícios...
 
 





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