Caso do Poeta

Pois que meu coração

está de enterro e oferenda.

lustrando dores -

meu coração rupestre é mercúrio.

Derrotado às escamas

pelo lodo de ser lápide,

fênix,

repousa no tórax

sombrio,

calado, carpido,

sem fato algum

além de o ser.

Oh, desastre de um vestido.

Escrevo na pressa pungente da estrada,

e o amor não o veste mais.

Os dedos pedem berços,

sem

resignar os oxidados,

pedem nada mais que

o intangível

das planícies.

O amor que de repente amou,

íntegro, magro,

enlaça senão

as lepras mornas e

abertas na primavera mentirosa:

Enquanto pulam as vozes

às tuas vidraças,

vejo-te aos restos de um

nó fatídico do horizonte.

Algas pelo vento,

mortas...

da beira-mar trazidas.

O mar secou! Não há mais do que gente

pelo o ocaso.

Arranho-te nos rótulos do amanhecer,

tinta de carne -

planta na paz última

do calçado -

a percorrer ritmos sobre as

sílabas do vácuo.

No ar da rotineira emenda,

coube amar raso

no colo omnívoro da cidade,

furando rios,

furtando guerras entre a marginalização do riso

ou nada mais que um

beijo de equívoco

a passear pelos pedestres do limbo

azul da omissão,

nada mais que um beijo no tempo.

Coube raso amar,

por entre fadas e faíscas,

somente.

Ando de posses a escoltar

piolhos oxítonos,

as vestes reduzidas a praticidade

dos muros,

apenas o estado, folclórico, de

um rubi polido às rugas,

ao abstrato respondia com seu canto

isósceles.

Manchas nas pegadas, nos ladrilhos,

na boca

escorrem pelos galhos e pousam

no ombro

que vaga, diagonal,

a responder a assimetria das mãos

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 17/07/2014
Reeditado em 10/11/2014
Código do texto: T4884927
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.