O PRANTO DA TERRA
E por um segundo os mortos pediram a vida,
e da terra brotou sangue e das árvores colheram pedras,
por um minuto as crianças pediram leite,
mas as vacas não pariram sob os espinheiros.
E de tudo isto caíram as lágrimas,
e o terror dos risos e o arrepio correu no corpo,
putrefativo diante do soluço.
Em mim chorou algo, na garganta um nó.
Tudo é frio num rio sem correntes e de fartos prantos.
Um corpo sem manto, um seio sem boca e um dente sem nervo.
As ruas, que são as ruas com seus imóveis a venda?
Na Eurásia falam alemão e a meia noite a lua volta,
de cão pra trás.
Chega a madrugada e no elixir dos sonhos o arsênico exala seu âmbar..
Com o alforje de fantasias partimos, gastamos nossos reais-os com pedras, serpentes de areias sobre o deserto das avenidas.
De cada grão, uma curva, de cada presa uma gota de veneno.
Sugado junto ao povo sem verso.
Voltamos a ser como saci perére, sem alforje, sem lagrimas e sem copa. Quem seriamos nos? Se não fosse o alento das tristezas.
Mortos e maltrapilhos pelas ruas de BHte.
Sete bolas rolando entre duzentos milhões.
e para eles os gladiadores sem espadas tudo é normal.
fumaram seus cigarros patchouli, escandalizam os velhinhos,
esmagam ônibus, e carros de passeio sobre viadutos sem pilares,
e pra eles é normal cair e normal perder o sonho do povo.
Partirmos rumo a montanha, perdermos, pulamos cercas e alguns ate caíram, atravessamos o rio imundo que corta o Brasil.
O temporal se aproximava pedimos informação ao lenhador.
e ele apenas nos mostra seu machado.
esqueceram o patchouli num mourão da casa de uma loura. Trilhas diversas correram de um rinoceronte e de cavalos de cristas longas, perdeu a carona de um caminhoneiro chamado destino.