Insatisfação insaciável
A insatisfação inseparável que me acompanha,
Desde os primórdios da consciência emaranhada.
A insatisfação profícua de nunca chegar a manhã,
Perdida nos confins escuros duma trovoada.
A insatisfação da tua companhia insofismável,
Que me compromete o insano ser libertário.
A insatisfação do alheamento inimaginável,
Que percorre o meu voraz ente alienatário.
A insatisfação do plano jamais perpetrado,
Que deambula no espirito amortalhado senil.
A insatisfação do injustificável ledo nado,
Condenado ao absoluto absentismo estéril.
A insatisfação do pôr-do-sol tão dócil,
Irradiado pelos espectros mais radiosos.
A insatisfação da árdua espera tão difícil,
Inflamado por inócuos resquícios saudosos.
A insatisfação do incompreensível atroz,
Implementado no falso entendimento.
A insatisfação do alto voo do albatroz,
Inacessível às almas sem argumento.
A insatisfação do teu quente aconchegar,
Almejado em vão no meu pensar dobrado.
A insatisfação do teu doce assossegar,
Esquecido no imemorial tempo divagado.
A insatisfação de não ver tudo acabado,
Conforma-me as lágrimas esventradas.
A insatisfação de sonhar acordado,
Em fugir desalmado pelas estradas.
A insatisfação de ser eternamente inconformado,
Deixou o meu irreal sonho da vida hipotecado.
Lx, 29-5-2013