Colheita

Planto rosas,

Colho dores,

Rego espinhos,

Semeio amores.

Lapido em pedras pálidas, meu cansaço

Jorra em fonte seca, minha lástima

Brota em terra morta, minha inglória.

E nas pétalas de uma rosa negra ganha vida a injúria.

Planto rosas,

Colho dores,

Rego espinhos,

Enterro amores.

Desprende do peito o açoite do desejo

E em tela viva rabisca a vida

Preto, sangue

Cinza.

Prego estacas,

Apago velas,

Derramo o cálice,

Desdenho a reza.

Agarro-me nas lembranças de memórias mortas

Lastimo as perdas rasas,

Devoro vitórias amargas,

E sobre o véu da vida me desgasto em batalhas escassas

Planto vida,

Colho velas,

Rego risos,

Enterro aquilo que me resta.

Crucifico a vida que me deras

Sangrando na cruz da incerteza

Revivo as horas que me resta.

Plantei sonhos,

e amores

Reguei tristezas

Esperando um jardim de flores

Alex Wolney
Enviado por Alex Wolney em 25/06/2014
Reeditado em 14/06/2023
Código do texto: T4858345
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