Mar revolto
O vento litorâneo passa
Meu corpo se incendeia
É oxigenação demasiada
Pro meu dorso de sereia
Maldita onda, essa desgraça
Que me largou aqui na areia
Como se fosse eu marcada
Pra não ter uma vida inteira.
Quisera eu ser só humana
Quisera eu ser só um peixe
Uma existência mundana
De permanência num feixe
Vivendo longe da onda
No alto mar um fetiche
De me livrar dessa sonda
Desembarcar num trapiche.
Mas sou mestiça estúpida
De coração tão pulsante
Tenho em mim essa dúvida
De me tornar ser errante
Hora em uma terra lúdica
Outra em um mar verdejante
E por existir tal disputa
Vou pruma praia distante
Morrer na areia em labuta
Pra ser feliz um instante.