Minhas asas sangram

Maria Antônia Canavezi Scarpa

Estou ferida e como um pássaro

vou voar para o mais alto

onde possa me esconder nas nuvens

deitar e chorar todas as minhas impaciências

minhas asas sangram e não posso cura-las

tão facilmente

Preciso que os ventos me impulsionem

me ajudem a subir até onde se escondem

e se quebram os rugidos dos trovões

no etéreo posso verter minhas lágrimas

até que congelem sem me machucar

ainda mais

Não quero ousar em mais nada

nem almejo contemplar os vales

o topo perdeu a magnitude

e as liras nem ecoam mais notas suaves

varri meus sonhos e apaguei todas as lembranças

é imperioso que eu morra um pouco

Se dentro de mim restar um pedaço

do meu coração inflado

não farei nada para dar-lhe o sangue

que o reforce em sua batidas

posso impedir... se quiser

que ele me perturbe

Preciso de liberdade em mim

para mim e em tudo

nada de prestar contas

estou no caminho zerando perdas e ganhos

não quero esperanças para um recomeço

apenas peço que me esqueçam

Quando eu resolver voltar

serei eu mais eu

não haverão seqüelas ou imperfeições

não me cobrarei nada, apenas quero oferecer

minha companhia como garantia

para que eu possa superar essa queda

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 09/05/2007
Código do texto: T480725
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