Fostes pra longe de mim

Se dizes que estás bem longe de minha presença,

e que seus dias nascem e terminam como antes,

vá, siga como estás. Porém, afirmo-te, com os céus,

tendo os astros como testemunhas,

que minha vida perdeu a cor e a vitalidade.

Distante o suficiente para me perder e se rumo vagar pelo Ades,

grito com os dentes trincados,

como um cachorro babento e feroz por socorro.

A areia da praia, a brisa e o mar.

O céu de outono, o vasto abismo daquele olhar.

Sem rumo, me afogo sem chances de vida.

Tudo perde o sentido.

Fico cego juntamente com a escuridão.

Tu és minha candeia.

Fonte de luz eterna.

Porém, longe como estas apenas se parece como uma estrela,

que se enxerga, contudo não se sente a sensação de calor.

O frio me consome.

Minha pele arranquei e vendi ao barqueiro para me levar ao Partenon sagrado.

Humilde servo me faço.

De joelhos e com os pés amarrados.

Crueldade é vagar sem luz e sem deixar pegadas.

As marcas dos açoites trago comigo,

e o chicote das chibatadas levas consigo.

Um último olhar me deu antes de sumir.

A frase: - Posso te amar? , está agora como interrogação física,

que não se sabe a resposta, mas se sonha com o êxito,

As correntes que levo, junto das lembranças,

não param de me insultar.

Meus ombros partilham da agonia.

A melancolia é o suor no rosto.

O cansaço é meu sobrenome e

minha origem perdeu-se em algum vale desolador.

Se estas bem assim, viva teus dias.

Entretanto, se ainda existir importância para ti,

vais saber por uma boca qualquer que,

o homem um dia vivo,

agora vaga assombrando a própria sombra e pensando na perda.

Fostes para longe de mim!

JBorsua
Enviado por JBorsua em 10/05/2014
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