QUANDO O VERÃO FOR EMBORA...

Quando o verão for embora e já não fizer calor;

o sol não for mais inclemente e nem abrasador.

Quando o bate-papo do portão se escassear

e todos se recolherem à casa pra descansar...

Quando a alegre algazarra, da criançada em farra,

já não mais se fizer presente aqui na vida da gente.

E os namoricos de portão, tão presentes na estação,

derem lugar a ruas sóbrias sem as artes do coração.

Quando as luzes dos postes se apagarem todas,

e o breu tomar o céu como em densas negras bodas.

Quando nos cantos de muros por casais abençoados

já não mais se entrevirem uns corações enamorados.

Quando o verão for embora e ralentar o amor;

as folhas salpicarem o chão de um tapete voador.

Quando faltar a alegria pra subir junto com o vento

e a mente se embotar tão triste pelo tormento.

E não existir esperança nem crianças pela rua;

o sonho se acabar e secar o orvalho da manhã.

Quando faltar brilho d’olhos que no alto vêem a lua

e não mais repousar a retina no foco do amanhã.

Então, quando o verão acabar e com ele vier dor,

o jovem que sonha com a vida terá que responder,

antes que se acabe a brisa do último ventilador:

- Que farei com este frio, que será do meu viver?

Jess
Enviado por Jess em 07/05/2007
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