CORTAR OU NÃO CORTAR
“O tolo no meio da ponte”
Se há que cortar por cortar
Que se corte todo o país
Já qu´ ele não pode fechar
Então, que seja p´ la raiz.
Farsa assim nunca se viu,
Com tal neura de espantar,
Está-se mesmo por um fio
Se há que cortar por cortar.
Anda enorme trapalhada,
Todo o povo bem o diz,
Se cada coisa é cortada
Que se corte todo o país.
Bacharéis, assim e assim,
Passam a vida a cortar
Aos cortes só dizem “nim”
Já qu´ ele não pode fechar.
Muitos cortes e incerteza,
Cada hora o contradiz,
Se terá qu´ haver limpeza
Então, que seja p´ la raiz.
Quem olha de cima a baixo
Vê-se o cabo dos trabalhos
Todo o país, cabisbaixo,
É uma manta de retalhos.
No poder não há miolo,
Não há luz nem horizonte,
É o mais desleixado tolo
Parado no meio da ponte.
Acrescente-se o nevoeiro,
Um nevoeiro cerrado,
Só com um corte certeiro
Tudo será desvendado.
O país já não tem luz,
Quem o viu e quem o vê,
Cortar ou não cortar seduz
E ninguém sabe porquê.
Ó cidadão, não dês tréguas
E as tuas mãos arregaça,
Corta de vez estas névoas
Antes qu´ aumente a desgraça!
Frassino Machado
In JANELAS DA ALMA