O sonhador

Eis que o mundo ruiu

Entre o momento em que acordou

E a hora em que partiu

De sua casa em busca do pão

E sua família esperava a pensão

Sua casa caiu

Deixou as crianças crescerem

E a névoa do tempo vazio

Fez, de seus filhos, estranhos

A cidade devora teus planos

A culpa é de quem?

Do Estado que caça teu lucro,

Ou será que é de outro alguém?

Do lado gelado em sua cama,

Ou do amor sufocado na lama?

Com uma garrafa debaixo do braço

Um cigarro no canto da boca

A poeira já cobre teus passos

Tantos sonhos fadados ao tempo

Tanto riso de descontentamento

Viva no teu vazio

Tão repleto de histórias bonitas

De um tempo sem fome, sem frio

Já não resta nem mesmo a memória

Tua boca só conta o outrora

E jaz outro sonhador

Vencido por suas certezas

Só lhe resta rimar sua dor

Pois o mundo ruiu

Desde a hora em que acordou

Até o dia em que partiu

Luiz Otávio Esteves
Enviado por Luiz Otávio Esteves em 11/04/2014
Código do texto: T4765435
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