O sonhador
Eis que o mundo ruiu
Entre o momento em que acordou
E a hora em que partiu
De sua casa em busca do pão
E sua família esperava a pensão
Sua casa caiu
Deixou as crianças crescerem
E a névoa do tempo vazio
Fez, de seus filhos, estranhos
A cidade devora teus planos
A culpa é de quem?
Do Estado que caça teu lucro,
Ou será que é de outro alguém?
Do lado gelado em sua cama,
Ou do amor sufocado na lama?
Com uma garrafa debaixo do braço
Um cigarro no canto da boca
A poeira já cobre teus passos
Tantos sonhos fadados ao tempo
Tanto riso de descontentamento
Viva no teu vazio
Tão repleto de histórias bonitas
De um tempo sem fome, sem frio
Já não resta nem mesmo a memória
Tua boca só conta o outrora
E jaz outro sonhador
Vencido por suas certezas
Só lhe resta rimar sua dor
Pois o mundo ruiu
Desde a hora em que acordou
Até o dia em que partiu