Porto de Ilusão

Porto de Ilusão

Perdi-me, atracado no porto da ilusão

de tudo aquilo que não coube numa vida ufana,

dos beijos não dados, dos jogos de sedução,

dos planos malogrados que fizeram o hoje inexistir.

Ainda iludido, por milhas, persegui teu brilho

e ao longe vi o fosco, um imenso vazio...

Mesmo assim segui-te, apostei no escuro.

Não mais vi o teu rosto pela densa bruma

que, aos poucos sumia, se distanciava e se perdia de mim.

Corri de volta à minha realidade, mas já era tarde não mais a encontrei.

Agarrei-me ao vento, me perdi no tempo,

perdi a noção, também não me encontrei...

Flagelei o meu ego com a cega proeza,

fraco me entreguei nos braços da frieza

Tudo o que senti fora um desperdício,

meus olhos ficaram à beira da solidão,

ali desolados assistindo a estupidez duma obstinação que tão cedo faliu.

Não quis entender, mas ali fiquei...

Queria contigo apenas um instante

Pra entregar-te o meu todo ou a metade de ti,

mas o que alcancei foi somente o fim.

O fim do nada que existiu... Perdi o que nunca possuí.

Ó, pobre felicidade! Por que me iludiste?

Meu hoje é escuro e triste, tu deste lugar à maldade:

Levaste a minha serenidade, roubaste o meu sorriso e me fizeste diviso.

Quebraste minh'alma em parcelas;

Deixaste só as mazelas da perversa castidade.

Beto Acioli

11/04/2014