A menina e a rua
Anda! Anda! Chame a menina!
Diga-lhe que essa rua não tem volta!
Não tem dobra nem esquina;
E também nunca foi minha.
Que Maria é essa, tão brasileira,
Que acha que sofrer é assim, é paixão?
Chama ela! Grita! Não se arrependa!
Não pense duas vezes não!
Onde ela iria assim engadelhada,
Sem passar o pente nos cabelos?
Nesse caminho arde um negro sol
Uma lua vestida de cinza-grafite,
Com uma luz sem prata sem nada.
Anda! Anda! Antes que seja cedo!
Cedo demais para os segredos.
Diga-lhe também, sobre a solidão.
As pedrinhas de brilhante,
Eram cantigas antigas, desvairadas;
O coração roubado sangrou,
O bosque foi cortado há muito tempo.
O ladrilho escorregadio, rachou;
Quem iria apaixonar-se por um anjo safado,
Ladrão, que só quer enganar,
Dizendo querer bem, sangrando assim?
Carlinhos Matogrosso