Nestas Noites
Não me misture às suas palavras, não,
Eu não posso estar entre elas...
Perdidas no seu verbo em vão,
Como um muro fechando uma janela...
Talvez tu me desdenhes na fúria dos dias,
Com o sabor amargo de uma boca que morre...
Ao constatar a solidão das noites frias,
Percebendo o vento, que pelas ruas corre...
Eu bem que queria lhe trazer consolo,
Mas em face disso, travo-me na solidão...
Corroído por um veneno sem soro,
Adentrando cada vez mais na sua prisão...
E mesmo que chova por estas noites,
Meu coração permanecerá de veras, seco...
Mas ajoelhando diante do açoite,
Mascarado no epíteto de medo...
Nestas noites... Nestas noites, sem dormir,
A insônia toma forma de uma única definição...
A de um caminho tão difícil de seguir,
Rumando sem paz, pela contra mão...
Faz muito tempo que lhe absolvi,
E não quis de ti, nem um tempo perdido...
Pois o tempo não recuperará o que eu vivi,
Nestas noites, ao qual não tenho dormido...