CASO BANAL
Nosso amor irracional,
que tentamos esconder,
vive solto a nos fazer
enfrentar o vendaval.
Afinal
só nos resta mesmo ceder
pois já não podemos conter
esse instinto natural.
Temporal
que nos açoita os corações,
com o estrondo dos trovões
de uma tormenta tropical.
É tão real,
esse enlevo é tão sublime,
que eu não acho seja crime
imaginar que ele é normal.
Como animal
atrás da fêmea no cio
eu percorro o teu vazio
em busca do teu total
e ao natural
mergulho em teu corpo-rio
onde se encontra com frio
o teu coração sem igual.
Para o meu mal
ninguém ouve meu queixume
e minha história se resume
nesse caso tão banal
(Belém, abril de 1965)