Saudades da eternidade
Que saudade de quando eu era mais eterno
Subia a escadaria da igreja São José
Achando que lá vivia o que não tinha tempo
...que não tinha horas e tudo era passado
... tudo isso passou
Os dias tem se passado ligeiros
Hoje quando acordei
Já era semana que vem
Nem notei que eu havia feito a barba
E que a conta de luz havia vencido
Que saudade daquela menina do colégio
Mesmo sem me dar bola
A batalha de tentar conquistar seu coração
Rendiam-me diversos bilhetes apaixonados e bobos
Meus colegas riam de mim
... e eu era vivo
... era criança e tudo era como uma dança
Minhas paixões tem tido resultado de árvore de acerola
As frutas de quando em quando dão no pé
Degusto – augusto – e depois fico só na sombra
Do sopé da serra a olhar a minha última paixão dá no pé também
Que saudade de quando eu era inocente
Morria todos os dias e me interessava na lama
E acordava com minha mãe me chamando
- Hora de ir pra escola.
No ponto do ônibus os adultos me diziam
Com suas marmitas frias
- Menino, não cresça e obedeça a seus pais!
E eu ficava numa duvida danada
Pois quando eles brigavam comigo sempre gritavam:
- Cresça e apareça!
Ai que saudade doce da vida
Tudo era tragicamente gostoso
Hoje tudo é tão exato e calculado
Estatísticas e infográficos desenham a história
Mas ainda tenho algumas ressalvas
Cheiro de café na roça
E minha humilde poesia