Saudades da eternidade

Que saudade de quando eu era mais eterno

Subia a escadaria da igreja São José

Achando que lá vivia o que não tinha tempo

...que não tinha horas e tudo era passado

... tudo isso passou

Os dias tem se passado ligeiros

Hoje quando acordei

Já era semana que vem

Nem notei que eu havia feito a barba

E que a conta de luz havia vencido

Que saudade daquela menina do colégio

Mesmo sem me dar bola

A batalha de tentar conquistar seu coração

Rendiam-me diversos bilhetes apaixonados e bobos

Meus colegas riam de mim

... e eu era vivo

... era criança e tudo era como uma dança

Minhas paixões tem tido resultado de árvore de acerola

As frutas de quando em quando dão no pé

Degusto – augusto – e depois fico só na sombra

Do sopé da serra a olhar a minha última paixão dá no pé também

Que saudade de quando eu era inocente

Morria todos os dias e me interessava na lama

E acordava com minha mãe me chamando

- Hora de ir pra escola.

No ponto do ônibus os adultos me diziam

Com suas marmitas frias

- Menino, não cresça e obedeça a seus pais!

E eu ficava numa duvida danada

Pois quando eles brigavam comigo sempre gritavam:

- Cresça e apareça!

Ai que saudade doce da vida

Tudo era tragicamente gostoso

Hoje tudo é tão exato e calculado

Estatísticas e infográficos desenham a história

Mas ainda tenho algumas ressalvas

Cheiro de café na roça

E minha humilde poesia

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 14/02/2014
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