Vocais

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Minhas curvas nunca serão tuas.

E no meu corpo, o teu toque será sempre o meu.

Tocar-me, sim, eu te permito – com as minhas mãos!

Queres arrancar de mim quais dissonantes?

As sustenidas, as bemóis, as diminutas, as menores?

Sou mínima, mas minha pausa agride o teu grito!

A gravidade com que me entoas,

na gravidade metafórica da minha melhor harmonia,

mostra a gravidade e o temor com que me desejas.

Prefiro os agudos dos teus gemidos em Sol sustenido;

prefiro o sinal de perigo que me revelas em ‘Fá Dó’.

E abomino quando ficas frio e distante, sei Lá!

Não tenhas Dó, pois me basta ficar assim.

Se buscas viver a vida em Si, aqui e acolá,

terás que revestir-me de sons, de encantamento.

Meu corpo, sinuoso em essência, majestoso;

é de curvas, com simetria renitente ao distraído olhar...

E terá o cheiro da baqueta que nele tocar.

Iguatu-CE, 10 de fevereiro de 2014.

01h56min

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Teimosa

Queria tanto o teu olhar crivando o meu.

Mas fecho meus olhos ao pensar em ti, temerosa.

Queria tanto que o meu toque fosse o teu.

Mas não consigo desvencilhar-me do medo, teimosa.

Tanto quis o teu olhar que me fechei dentro do meu.

Tanto quis o teu toque que me assustei, aos pingos.

Queria tanto poder revelar aos outros o que sinto.

Mas essa possibilidade me estremece, espanta-me!

Queria tanto confirmar meus sentimentos.

Mas prefiro manter-me silente, alcança-me!

Desejei, sim, revelar tudo e me revelar, sem medos.

Desejei, sim, confirmar e celebrar, mas os respingos...

Os respingos do meu medo, da minha indecisão.

Explodiram dentro de você e me expulsaram da fantasia.

Queria tanto, desejei...

Tanto quis, que se tornou fantasia o que sonhei.

Iguatu-CE, 10 de fevereiro de 2014.

12h46min

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Relativizando

Que o teu amor se ramifique.

Que dele brotem raízes e não apenas galhos.

Porque ramos se expandem,

buscando o abraço d’outras árvores...

As raízes, entretanto, quando fincadas,

retroalimentam a seiva, dando alento.

Expandir-se não é maléfico,

posto que o estático se relativiza.

Por isso, os diversos referenciais...

Buscas a liberdade do extravasamento?

Ah, mas as rosas ao longo do falo tubiforme,

precisam de toda extensão do contato.

Que o teu amor siga, buscando a luz, sem ofuscar-se.

E no fototropismo, banhando-se de energia,

carregue com ele a insanidade que o corte produz.

A vida a dois, quando o pólen se esvai na gravidade,

desperta no horizonte da inconsequente cópula,

a razão maior de nos esgalharmos a dois.

Iguatu-CE, 10 de fevereiro de 2014.

16h20min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 10/02/2014
Reeditado em 10/02/2014
Código do texto: T4685512
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