O que restou da paz

Desenha tua mão na minha

pois ainda restamos intocados

naquela alvorada quente

Os teus pés ainda descalços

deixam marcas no caminho

entre os meus e teus braços

Deixa o lençol e o colchão

pra não evaporar o cheiro

daquele anoitecer ébrio

Que disse ser o primeiro

de algo maior que havia

para o belo fim desse meio

Espalhadas pela mesa da sala

nossas cartas incompletas

sobre estrelas de brilho breve

Como tantas outras promessas

você deixou a porta aberta

e abriu, nas janelas, frestas

Agora que tuas mãos lhe cobrem o rosto

pra esconder lágrimas que correm demais

o som de Harrison diz “all things must pass”

e eu entendo o que dizia teu “jamais”…

Luiz Otávio Esteves
Enviado por Luiz Otávio Esteves em 04/02/2014
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