LEITOR EQUIVOCADO
“Réplica a um certo leitor”
“Ó Praxe, bendita Praxe,
Praxe da minha paixão
És para mim um relaxe
Dona do meu coração!”
Esta quadra que versejei
E só depois desenvolvi
A um leitor, pelo que sei,
A sua mente surpreendi.
Fez-se um leitor equivocado
Fazendo grande confusão
Entendeu conteúdo errado
E deu-lhe outra interpretação.
Esta trova que eu compus
Nada tem de reaccionária
É um poema cheio de luz
Acerca da praxe usuária.
Não há conteúdo a esconder
E muito menos embrulhado
Mas há um fenómeno a reter:
Há sempre quem leia apressado.
Onde é que está a nostalgia
Que o mesmo leitor suspeitou?
Quem é que não tem alergia
Ao velho tempo que passou?
O tema é muito delicado,
De uma humana sensibilidade,
Mas nunca estará mascarado
Pois é uma pura realidade!
Há quem no olho do vizinho
Veja sempre mísero argueiro
E põe a vida em desalinho
Com miopia de fraco olheiro!
Frassino Machado
In ODIRONIAS