A voz do sangue
Goteja, borbulha incessante
Em miríades espessas gotas de lava –
A sobrepor no palimpsesto infante,
Níveo, qual parede recém alva
A voz do sangue. Escorre, lenta,
N’agonia colérica veemente;
No que puro era – vê, lamenta! –
Longínquo é e inda no âmago sente
Sua candura d’antanho; mas, ai!...
Que tal volúpia ruidosa e crescente
Que afã irascível sobre mim recai?
A Dor! de mãos dadas c’o Prazer, seu amante
Boas vindas vêm me dar; sob os ventos
Emaranhado, rijo e intrincado
Doravante no escuso encontro meus alentos:
No subsolo a ranger os dentes, bilioso, abdicado...
Mas nada que um chá não resolva.
31/01/14