CONFISSÃO
Faço de ti querido leitor,
Meu eminente confessor .
Pobre de ti!
Pensar que ainda pagas
Para me ouvir;
Ouvir lamúrias e lamentações vagas,
Lembranças que perturbam,
Que nem o tempo apaga.
Escuto vozes, _minha alucinação
_São os fantasmas da solidão.
Diante de mim há um espelho
Projetando a minha imagem
num ângulo distorcido
Revela sua mensagem .
É essa mensagem que ati
Repasso leitor amigo.
Fujo de mim buscando meu Eu.
Quero encontrar o sorriso,
O sorriso que a vida me negou;
Quero encontrar meu juízo,
Juízo perdido por um grande amor.
Desfio rosário como minha vó,
Como a minha mãe, estou tão só!
... Nem meu leitor,
Ninguém,
Ninguém vai chorar por mim;
Nem meu perdido amor.
Faço apenas um pedido:
Que me leve flores brancas ou de jasmim,
E por favor enfeite o meu jazigo,
E reze também por mim;
Careço descansar em paz.
Quero fechar as pálpebras pesadas
E num repousar absoluto descansarei.
"Meu Bem" não se cobrirá de luto,
Pois nada em sua vida representei.
Meu cadáver será velado
Pelos meus poucos amigos;
Os olhos, tal vez rasos d'água;
Uma breve saudade ficará consigo,
E comigo irá uma grande mágoa.
Um ou outro parente
Não poupará as lágrimas,
Fingidas ou não,
São derramadas em meu caixão.