Meu vício
Dentre os vícios da alma,
Que de tantos me aferra
És aquele que nos ser sobeja.
Porquê descansa em ti a calma?
Fica a noite que jamais se encerra
E vejo-te, ainda que não me vejas.
E se me é vida este mal que padeço,
Desventurado riso tétrico que feneço
Não me será de toda a vida esquecimento
És vício, donde não se dá contentamento.
Se minto, não há amar naquilo que esqueço
Será um poema que entre os dedos aqueço
E ficas, vício, talhado a cada momento
Meu vício, vício de amar o sofrimento.
A duras penas vai-se a alma estagnando,
Naquilo que me é vício...
Morre a falta, agonizando.