Ego
Por amar demais terminei escravo de mim
Fiz promessas de venerar sem coroas
Jurei lealdade sem espadas
Amarrado hoje estou
Sem algemas, sem troncos, sem querubins
Em tempos de carnaval ficava receoso
Meu coração além-mar enjoado
Ressoava em cada esquina, cada abraço
E eu me entregava a pouco riso, pouca trama
Pouco a pouco eu estava em pedaços
Dia dos namorados tomava cuidado,
Pouco ganhei presentes, gastei o que não tinha
Fui obrigado a mendigar
Trocados de coração ninguém tinha
E as luzes de Natal piscavam
Sandálias na janela, eu bobo solitário
Esperava tamancos, e nada dela
Ganhei mesmo um grande pacote
Todo adornado vinha como remetente: “palhaço”
E a embalagem bonita me cativou
As estrelas brindavam ao meu torpor
No singelo pacote uma pequena lembrança
Era papel de pão, o cheiro não enganava
“Vamos nos casar..?” e eu aceitara
Gabriel Amorim 04/01/2013