QUARTO VAZIO

"Aluga-se", diz a tabuleta.

Abro a porta meio emperrada

e o vazio me agride

e me insulta com o nada.

Adivinho vozes escondidas

nos cantos das paredes

e sombras pendentes

das cortinas encardidas.

Diviso na penumbra deprimida

essas paredes nuas de saudade.

Delas escorrem rastros de fantasmas

como lágrimas sem brilho

brotadas do frio e da ansiedade.

Um cheiro de pó velho e azedo

revive a presença invisível

de uma alma penada, de outro mundo,

a gargalhar de meu espanto

e do meu medo.

Não! Não poderei morar aqui!

Não, entre essas lembranças mortas

de quem, antes de mim, viveu,

amou - quem sabe aqui morreu...

Triste, volto ao senhorio

e desisto de alugar o vago quarto.

De tudo que ele tem, vazio,

meu coração está cansado e farto.

Waldy Würdig
Enviado por Waldy Würdig em 01/01/2014
Reeditado em 12/01/2016
Código do texto: T4632769
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