As horas passam...

Ela era um sonho repetido nas noites e dias de minha mocidade.

Uma transgressão velada até da alma que insistia em dormir.

Uma partida na primeira hora, na aurora, e no entardecer.

Uma boca beijada; gotas de orvalho após um dia quente num verão que se estende.

O amante é cego; é um bruxo que trabalha contra si.

A paixão é feitiço; é fogo que derrete o ferro e o aço.

É vinho que embriaga a razão e entorpece o juízo.

É uma mulher egoísta a andar sozinha na praça.

É um vendedor de fantasias e prejuízos.

Contadora de histórias, e de desgraças.

Ela era um alento; tirava-me do espírito tormentos.

Mesmo por um momento; curto minuto numa eterna sede insaciável.

Um copo de água com lágrimas e sofrimentos.

No chão, vidros quebrados; cacos cortantes, na calçada, espalhados.

Quem passará?

Foi uma despedida?

Será que amanhã não terei você?

Há pessoas que nascem para amar; e outras que vieram beber do cálice da ventura.

Triste foi o dia do teu nascimento! O teu prazer será só por um sopro!

Será uma carteira roubada de um bolso desatento na feira.

Isso foi o seu encontro com sua parceira.

Uma nuvem escura diz da chuva que virá.

A água que corre levará as lembranças de ontem.

A água que nunca volta; a correnteza que some nos bueiros escuros da solidão.

Foi um caso. Só um caso.

Mais um, entre milhões.

Será?

Uma lágrima caiu de seu olho;

Uma gota de água e sal escorreu pela face triste.

O seu peito esquerdo encolheu e a moça se foi...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 21/12/2013
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