De mal com a sina

Perdi o controle que não tinha sobre o amor,

Mesmo descontrolado ardia em seu calor;

Entretanto, sempre soube onde errar a mão;

Agora que macerado pelo peso da dor,

A ideia de nova desdita causa pavor,

Assim erro de véspera antecipo meu não...

Não faltará quem censure um viver assim,

Que é meio depressivo sentir pena de mim;

convém plantar carinho e esperar resposta;

Quando adubei flores viçou muito capim,

Plantando no coração e colhendo no rim,

Vendo ceifar , sim, um que plantou bosta...

O fado me ache se quiser meio sorumbático,

Pois me evitou quando lhe fui simpático;

Quem perdeu tudo não tem medo de nada;

Que fale convincente e bastante enfático,

já não sou nada romântico apenas prático,

e esperança fútil é coruja que está pelada...

Nem venham com apelo para ser otimista,

já fui quando o destino baixou a minha crista;

agora refugio-me num caminho bem módico;

quiçá o infortúnio de mim, enfim, desista,

se a sina resolveu desfilar assim, masoquista,

terá por ventura achar-me um tanto sádico...