SANGUE E RENDAS

SANGUE E RENDAS

A noite invejosa calou

O grito morto nas entranhas

Ali esticada ela ficou

Em sangue e rendas.

Nos cabelos encaracolados

Um brilho úmido do xampu

Escorria pela nuca

E os fios ainda molhados

Cheiravam um odor barato

A testemunha cruel

Escondeu-se atrás do espelho

Calando o assassinato

Difícil seria encontrar o culpado

A vida? O destino? O cliente?

Aquele que saiu sem gozar,

Em silencio desesperadamente?

Ela estava lá vencida

Já tinha sido toda vendida

No último mês de prenhez

Morria ao executar seu ofício

Talvez uma crise de embriaguez

Ninguém quer tirar as vendas

E prefere se calar por timidez

De encarar a realidade

E falar logo de uma vez

Era seu ofício mesmo

No último mês

Da indesejada prenhez

Estava há muito curtida

E ali morta e estendida

Sorria livre e desimpedida

Entre sangue e rendas.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 12/12/2013
Código do texto: T4608481
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