Paranóia no NE
Eu vi uma cidade cujo nome eu jamais esquecerei
onde anjos tombam como se fossem bonecos
sangues nas ventas e tripas no terreiro
onde meninas são estupradas pelos próprios pais e tios
padrastos, etc.
Onde adolescente estuda, mas não têm discernimento
estéreis matam, esfolam os seres humanos de bem e
são apenas apreendidos
onde a pedida agora a via da bandidagem
dinheiro fácil e se fazer
onde a TV globo é a lei e inspiração
nas suas tristes vidas
massificação
onde as drogas rolam soltas; a cocaína é de
camburão
ao crack se entrega, assinando sua libertação
a morte vira as suas páginas bestamente
se não pagar o patrão
onde o estudo faz parte de sua alienação
todos querem um diploma, sem leituras e
intelectualização
onde as armas pesadas que possuem
foram fichinhas na guerra do Vietnã
fronteiras brasileiras, todas, sem exceção,
liberadas aos forasteiros de plantão
onde álcool parece que faz parte da grade
do ensino fundamental
onde apenas é o bambam, se for um pangaré
tudo muito bonito, mas pra inglês ver
onde as borboletas voam acima
das cabeças
e os urubus ficam atentos aos pequenos
deslizes
onde a morte virara a coisa mais
natural do mundo
viver não vale mais a pena
onde a cabeça é mais um objeto
obsoleto
p.s.: inspirado no poema Paranoia em
Astrakan, do Poeta Roberto Piva