Paranóia no NE

Eu vi uma cidade cujo nome eu jamais esquecerei

onde anjos tombam como se fossem bonecos

sangues nas ventas e tripas no terreiro

onde meninas são estupradas pelos próprios pais e tios

padrastos, etc.

Onde adolescente estuda, mas não têm discernimento

estéreis matam, esfolam os seres humanos de bem e

são apenas apreendidos

onde a pedida agora a via da bandidagem

dinheiro fácil e se fazer

onde a TV globo é a lei e inspiração

nas suas tristes vidas

massificação

onde as drogas rolam soltas; a cocaína é de

camburão

ao crack se entrega, assinando sua libertação

a morte vira as suas páginas bestamente

se não pagar o patrão

onde o estudo faz parte de sua alienação

todos querem um diploma, sem leituras e

intelectualização

onde as armas pesadas que possuem

foram fichinhas na guerra do Vietnã

fronteiras brasileiras, todas, sem exceção,

liberadas aos forasteiros de plantão

onde álcool parece que faz parte da grade

do ensino fundamental

onde apenas é o bambam, se for um pangaré

tudo muito bonito, mas pra inglês ver

onde as borboletas voam acima

das cabeças

e os urubus ficam atentos aos pequenos

deslizes

onde a morte virara a coisa mais

natural do mundo

viver não vale mais a pena

onde a cabeça é mais um objeto

obsoleto

p.s.: inspirado no poema Paranoia em

Astrakan, do Poeta Roberto Piva

Lourdes Limeira
Enviado por Lourdes Limeira em 07/12/2013
Reeditado em 07/12/2013
Código do texto: T4602746
Classificação de conteúdo: seguro