Apartamento 301
Restos de amor defenestrados
triste fim jogado ao acaso
olhares sinuosos, calados
e lamúrias sinceras ao canto da sala
pelos rasgos da cortina amarelada
viam-se pássaros que regojizavam ao longo do horizonte
o céu cinza dava as cores ao episódio
somente os tijolos que descascavam à parede
pareciam ter um pouco vida e esperança
o dia passaria em vão porém inolvidável
enquanto o relógio encostado na escrivaninha
mantinha o compasso, dando o ar de monotonia aos sussurros
mas mantinha a marcha das imperceptíveis formigas
no prato da janta deixado pela metade
O apartamento número 301 já não era mais o mesmo
apesar de não parecer,
era o único que consolava os incansáveis sussurros
absorvendo todas as lágrimas em seu carpete bege
envolvendo-a em silêncio