BRASÍLIA DE LÚCIO COSTA
Por Sandra Fayad
 
Você era tão bela, tão saudável...
Ia por avenidas largas, ruas retas,
Prédios simétricos, quadras no esquadro.
Tinha luzes e maquiagem no esquadro,
Banho de água limpa, escoamento imediato,
Passadas verdes, horizontes abertos,
Elegância ao vivo e no retrato.
 
Brasília de Lúcio Costa!
 
Que pena! Você foi cair em mãos erradas
Foi se perdendo, sendo prostituída,
Enfeada, ficou balofa, estriada.
Mancharam, descamaram suas encostas,
Arrebentaram suas faces reluzentes.
 
Você que era a princesa do Brasil,
Hoje anda alagada, afoga-se no caos.
Fica espanada, empanada, sufocada,
Travada por todos os lados,
É arrastada pela enxurrada,
Enlixeirada, enlameada, decadente.
Outras vezes seca demais.
 
Brasília de Lúcio Costa!
 
Tenho fome da sua beleza,
Tenho sede do seu brilho.
Já não há luz, energia que a sustente,
Entupiram todas as passagens, buracos,
Suas entradas e saídas.
Você está sem simetria, sem-sal,
Com feridas espalhadas pelo corpo,
Sovaco e hálito fedidos.
 
Brasília de Lúcio Costa!
Você está mal, muito mal.
 
Brasília, 05-12-2013
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Sandra Fayad Bsb
Enviado por Sandra Fayad Bsb em 06/12/2013
Reeditado em 06/12/2013
Código do texto: T4600500
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